hcpg49_jiwago_mirandaMB

hcpg49_jiwago_mirandaMB

Eu era Jiwago – por Melissa Bevilaqua

Eu era Jiwago.
Invisível a tantos.
Mas completamente materializado naquilo que tudo e todos (ou pelo menos uma
grande maioria)
os poderes e poderosos gostariam de manter distante dos corredores do planejado
para ser o berço de uma intelectualidade tosca.
Nos desenhos do ICC eu era o próprio grafite
e sempre me apagando
eu ia ressurgindo.
Naquelas salas verdes coloridas descobri novos nomes para o que já sentia, para dizer
quem sou na cidade utopia que estou.
Ensinei. E depois de um tempo, cansei.
Corpo e mente não quiseram mais fingir essa racionalidade paralítica.
Em meio a sinuca fumaça e paredes rabiscadas
gritei.
Filosofei antropologias.
Mas a universidade concreto mesmo assim me engoliu.
Cheguei a acreditar que ali desviaria do meu caminho.
Construí, eu mesmo, refúgios.
Mas Unb é Brasília.
E Brasília é concreto.
E concreto engole. Sempre engoliu, sempre vai engolir.